“Provar vinho não se ensina, aprende-se.”
“Provar vinho não se ensina, aprende-se.” A máxima foi citada pelo enólogo e professor universitário Virgílio Loureiro.
Atualmente começa a estar na moda apreciar e beber um bom vinho, e principalmente adequá-lo a uma refeição.
Honestamente, e indo contra todos os princípios, sempre que inicio uma formação de análise sensorial de vinhos, tenho um lema na qual acredito de modo convicto: Um vinho ou se gosta ou não se gosta, e deixem-se de balelas!
No entanto, se gosta, existe todo um ritual de prova, degustação e apreciação que é traçado e não o deixa fazer má figura naquele jantar de negócios!
Com este espírito, enumero 10 dicas básicas para uma degustação inesquecível:
1-A companhia. A primeira dica é a menos ortodoxa de todas. O vinho é apenas um líquido e a emoção não está nele, mas sim em quem o degusta, o momento e o ato de compartilha-lo. A primeira escolha portanto, deve ser com quem irá compartilhar o precioso liquido. Também acredito na degustação como um ato solitário…somos a nossa melhor companhia em muitas das vezes!
2-A escolha dos vinhos. Pense nos vinhos de acordo com a companhia. Escolha vinhos “fora da caixa” e não os habitualmente encontrados no supermercado. Acredite, terá agradáveis surpresas.
3-A escolha dos pratos. Casar pratos e vinhos é um trabalho tão complicado como o dos cupidos ou das agências matrimoniais. Trate de combinações tradicionais, ou se tiver mais confiança, crie as suas próprias combinações. A regra é básica: Não coma o que não goste e não beba o que não goste!
4- No restaurante. Caso a sua degustação seja num restaurante, deve pedir a carta de vinhos e examina-la de forma a verificar o que melhor se adapta ao seu gosto pessoal. A garrafa deve ser conferida antes de ser aberta, na presença de todos. A rolha pode ser colocada à mesa, para que possa ser examinada. Uma pequena dose será servida a quem pediu o vinho, para que este seja aceite e só depois o restantes presentes serão servidos.
5- A temperatura do líquido. Vinhos brancos frios em demasiado vão mascarar os aromas, enquanto a “temperatura ambiente” para os tintos é um clichê que que raramente se aplica. Genericamente sirva os tintos a 18º C, brancos a 12º C e espumantes a 8ºC.
6- O copo. Numa descrição muito genérica o copo ideal é formada por base, haste e “barriga” que deve ter formato oval, estreitando em direção a borda. Deve ser totalmente transparente, de vidro fino e nunca deve ser enchido em demasiado. Para os espumantes, pessoalmente não me agradam os copos do tipo flute, pois privam-me dos aromas do vinho – neste caso o ideal são os do tipo tulipa.
7- Deixe o líquido respirar. Alguns tintos de maior corpo, devem entrar em contacto com o ar antes de serem consumidos. Por vezes é necessário decanter para que este aumente a sua superfície de contato com o ar.
8 – A sequência. Os brancos antes dos tintos, os leves antes dos encorpados, os medíocres antes dos grandes e os secos antes dos doces. A ordem errada pode comprometer um vinho, enquanto a correta pode valorizá-lo.
9- Garrafas abertas. É possível que sobre vinho, e uma vez aberta a garrafa o líquido oxidará gradualmente. O melhor é sempre beber na totalidade, principalmente se seguiu à risca a dica 1. Caso contrário, ao abrir uma garrafa grande, o método mais eficaz é transferir metade do conteúdo para uma garrafa menor, que deve estar perfeitamente limpa. Encha-la por completo e depois arrolha-la. Assim o vinho pode resistir alguns dias.
10- O prazer. Na hora de abrir uma boa garrafa, deve-se lembrar do principal motivo que o levou a este acto: o prazer do momento!
“Quem realmente sabe sobre vinhos tem atitude de quem está sempre a aprender… Quem acha que sabe tudo sobre vinho e adopta uma atitude convencida sobre vinho perante as pessoas que o rodeiam não só fará figura ridícula, como ficará desacreditado junto de quem realmente sabe” – Frase de Maria João de Almeida, “O vinho na ponta da língua”.